domingo, 4 de setembro de 2011

Foda-se

Então, me parece que este verbo está ganhando uma importância toda especial pra mim recentemente. Explico: eu sempre fui muito certinha. Quando na escola, sentava sempre na frente, boa aluna, muito atenta aos professores. Na facu, estupidamente empenhada. Digo estupidamente, porque tomei as aulas e a academia como fonte única de conhecimento. Estupidamente porque nunca me vi capaz de buscar o "conhecimento" (gordas aspas aqui, como diria o meu querido Jorge, já que certamente não vejo conhecimento como algo objetivo, merecedor de artigo definido na frente, mas me faltou palavra melhor. Vai assim mesmo.) por conta própria. As leituras que fiz nos 5 anos de universidade foram todas tópicos trabalhados em sala. Por sorte passei por professores incríveis e, consequentemente, li e aprendi muita coisa. Mas nada se compara à leitura motivada por interesses pessoais, particulares, individuais. Pelo menos pra mim! Pra mim, nada se compara à descoberta de alguma coisa.

Eu disse no primeiro post deste blog, inclusive, o quanto me alegra fazer algo por motivações internas, intrínsecas. E acho que me alegra tanto porque sempre tive dificuldade para perceber as minhas motivações, o meu gosto, construir as minhas opiniões... Estas percepções exigem sintonia com você mesmo e auto-confiança, coisas que parecem estar se refinando apenas recentemente aqui dentro! (E que bom!) O fato é que, seja pela razão que for, sempre fui refém da opinião e do gosto do outro. Claro, não de qualquer "outro": daqueles que admirava (invejava até).

Puxa, impressionante como a inveja é amiga quase que inseparável da insegurança. Bom, mais uma vez: pelo menos pra mim! Quando você não se conhece, não está (desculpe a repetição, mas...) sintonizado consigo próprio, tende a buscar ser aquilo que o outro é (vamos combinar que tudo aqui é: "pelo menos pra mim"? [rsrs]). Daí essa minha tão criticada característica, a indecisão. Claro, como decidir o que vestir se eu não consigo perceber aquilo que me apetece (Jorge, ó você de novo!)? Muito difícil conseguir me vestir de forma semelhante às diversas pessoas e aos diversos estilos que admiro (então, tem mais essa: sou consideravelmente aberta a ponto de conseguir admirar estilos bastante diferentes!). Resultado: horas colocando e tirando roupas e frequentes passeios mal humorados por conta da mera percepção de não ter acertado no estilo. Que droga.

Claro que o "vestir", aqui, é uma alegoria de toda essa reflexão maluca (não que não tenha a sua relevância nessa minha caminhada. Tem, e muita - infelizmente). A indecisão é minha parceira de longa data nesta área e em diversas outras. Resulta da desastrosa combinação: dificuldade de perceber os meus gostos e o consequente desejo de ser um pouco daquilo que o outro é (o que acabei chamando de inveja).

Caramba, e o que tudo isso tem a ver com "foda-se", Thays? - você deve estar se perguntando. É, nem sei direito [rsrs], me perdi um pouco! Deixa-me retomar o fio da meada: tudo isso para dizer que esse meu jeito "certinha", que mencionei no início do texto, é resultado da falta de percepção daquilo que me agrada, da consequente exaltação do "outro" (acompanhada até de certa inveja, de certo desejo de ser o outro), do ato de depositar nele toda a expectativa de aprendizado e, como derradeira e desastrosa consequência, do medo de decepcioná-lo (à entidade "outro" que neste post se estabeleceu).

É aí que mora o verdadeiro problema. Nossa, você não imagina o quanto este medo já me assombrou nessa vida, e ainda assombra. (Por favor, estou aqui revelando muito de mim. Peço que, em retribuição à confiança que lhe dou, tenha cautela antes de sair me rotulando - ó o tal medo! [hehe]). E ele não vem assim, revelado. Vem, ao contrário, velado, disfarçado, quase imperceptível. E se revela através da passividade diante da busca pelo conhecimento, da dificuldade em dizer não, de defender uma idéia... (Calma, preciso me defender aqui: não me imagine menina tonta, sem opinião. Não, pelo contrário até: aquilo que aprendo com a entidade (com o "outro"!) trago pra dentro de mim com força. Faço meu. E defendo. Mas defendo quando me sinto confortável, quando o "medo" (nossa segunda entidade do post) se retira. E isso não é tão incomum assim.)

Pois bem, o "foda-se": eis que recentemente este medo tem sentido medo de mim!! É o que parece! Tenho me percebido dizendo tanto "foda-se" nos meus diálogos internos! E, de longe, isso não é um descaso para com o outro, um desabrochar de certa irresponsabilidade ou irreverência inconsequente. É, no entanto, uma aguçada percepção de quem eu sou e uma sensação boa de gostar do que vejo, a ponto de não me importar com o que o "outro" irá pensar de mim. Veja, a caminhada não é tão simples: minhas inseguranças estão aí, atentas e oportunistas. Mas tenho aberto meus olhos também: a batalha não será tão fácil!

Ufa, era isso! Obrigada por ler até aqui!
Beijos!



Caramba, como pude pensar que eu não tinha o que dizer?! Pareço uma matraca! Nossa!
Há pouco entrei no quarto pra pegar uma blusa de frio e o local está impenetrável, tamanha a bagunça. Foi inevitável um riso de canto de boca seguido por um silencioso, mas não menos voraz, "foda-se"!!!

7 comentários:

  1. Sabe, se um dia eu já fui esse "outro" (ou "outra" porque o masculino simplesmente não me contempla) pra senhorita, pode relaxar e gozar, haha.

    Porque, né, não sei se você sabe mas você simplesmente não me decepciona. Aliás, muito pelo contrário. Quanto mais eu te conheço mais eu te admiro e fim. <3

    ResponderExcluir
  2. Má, vc é malandrinha: sacou teu lugar e tua importância pra mim!

    Bom saber que sou admirada por vc! Uou! =)

    ResponderExcluir
  3. Ha,hahahaha.... li e reli. Quem será que nunca usou mesmo em pensamento este verbo?rsrsr.
    Hoje fiquei um tempão surfando na internet e fazendo homework..quando saí da frente do computador ...caraca: "Há pouco entrei no quarto pra pegar uma blusa de frio e o local está impenetrável, tamanha a bagunça. Foi inevitável um riso de canto de boca seguido por um silencioso, mas não menos voraz, "foda-se"!!!

    Nossa..você não pode imaginar como foi legal ler o blog.
    Adorei e já estou te seguindo.
    Parabéns!!!

    ResponderExcluir
  4. Simplesmente ao deixarmos de nos preocupar demais com o que os outros acham, e, nos deixar levar pelo que esta nos fazendo sentir bem, melhora nossa auto estima, nao importa os outros os modismos, foda-se tudo isso, o importante é voce sempre estar de bem consigo e vivendo a vida intensamente..e ser feliz... beijos....José Carlos

    ResponderExcluir
  5. Me fez pensar naquela música da Vanessa da mata, Boa Sorte, dessa parte:
    "Quero que se cure
    Dessa pessoa
    Que o aconselha".
    Se livrar do outro como um peso..
    :D

    ResponderExcluir
  6. Não vai ter post novo? Você deu o gostinho, agora precisa continuar... ;)

    ResponderExcluir
  7. É realmente difícil se desvencialhar do olhar do outro, do julgamento do outro - claro que nunca completamente, ou faríamos o que nos desse na telha, se se importar com as consequencias para a sociedade. Também passei por esse processo (doloroso e prazeroso) de autoconhecimento e posso dizer que não há nada melhor do que se conhecer e buscar seu caminho com base nisso - e não no que os outros pensam, querem, demandam ou exijam.

    Muito legal a iniciativa do blog!
    Estou seguindo ;)
    Beijos
    Lari

    ResponderExcluir